sábado, 28 de maio de 2011

Entrevista com Guillermo Quintero


A 5X Petróleo dessa semana é com o presidente da BP no Brasil, Guillermo Quintero, que fala sobre o início das operações da empresa no país, através da aquisição de ativos da Devon Energy, autorizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
1X Com a autorização da ANP para aquisição dos ativos da Devon no Brasil, a BP poderá se tornar operadora. Como se deu esse processo e qual a sua importância para a estratégia da BP no país?
A BP está muito feliz com a conclusão do processo de compra da Devon Energy do Brasil, que nos dá acesso a oito blocos marítimos e dois blocos terrestres no Brasil.  Estamos muito honrados com a confiança depositada emguillermo nós pelas autoridades brasileiras e esperamos retribuir essa confiança contribuindo para o desenvolvimento do País, gerando empregos e desenvolvendo a indústria local de bens e serviços.
Para nós, é um privilégio poder participar de um momento tão importante para o Brasil. É estimulante participar do crescimento da indústria brasileira de petróleo e queremos firmar o compromisso de estabelecer programas sólidos que tragam benefícios a todos – à sociedade brasileira, aos nossos sócios, aos nossos funcionários e ao Grupo BP. O Brasil é protagonista na produção mundial de energia.  A BP não poderia deixar de atuar aqui e nosso retorno marca a disposição da empresa em ser uma das maiores companhias de energia em atuação no país.
2X Qual a expectativa da BP para os blocos que adquiriu no negócio com a Devon? Além disso, quais os planos da companhia para o pré-sal brasileiro?
Nós estamos muito animados com a qualidade do portfólio adquirido da Devon, que inclui 10 concessões, sete localizadas na Bacia de Campos, uma na Bacia de Camamu-Almada e duas em terra na Bacia do Parnaíba. A BP passou a ser operadora do Campo de Polvo, que atualmente produz cerca de 25 mil barris de petróleo por dia, além de participar em quatro descobertas da Bacia de Campos: Xerelete, Itaipu, Wahoo e Fragata.
As descobertas de Itaipu e Wahoo estão localizadas no pré-sal e estão atualmente sendo analisadas de acordo com planos de avaliação já aprovados pela ANP. Além disso, a BP está interessada em participar da 11ª Rodada, que não inclui blocos no pré-sal, e está ativamente avaliando outras oportunidades de parceria, tanto no pré-sal como no pós-sal.
3X Uma próxima rodada de licitação de blocos de petróleo e gás deve acontecer no segundo semestre desse ano. Diante dessa nova condição da BP no Brasil, qual o posicionamento da empresa frente a essa oportunidade?
A BP tem interesse em participar tanto da 11ª rodada de licitações da ANP, sob o regime de concessão, quanto das futuras licitações do pré-sal sob o novo regime de partilha de produção. Iremos aguardar os editais para conhecermos as condições em que os blocos serão oferecidos e, assim, avaliar quais são os mais atrativos para nossa estratégia de expansão.
4X Como a BP lida com a possibilidade de desconfiança em sua operação no Brasil, motivada pela repercussão negativa do vazamento de petróleo no Golfo do México?
Infelizmente, não podemos apagar o acidente do Golfo do México nem recuperar as 11 vidas perdidas. Esse foi um momento muito doloroso para toda a companhia e todas as pessoas afetadas.  Nós lamentamos profundamente a perda de vidas humanas e o impacto ao meio ambiente e às comunidades do Golfo do México. A BP continua comprometida a restaurar a região afetada do Golfo do México tanto do ponto de vista ambiental quanto do ponto de vista econômico. Nós continuaremos a honrar todos os pedidos legítimos de indenização. Estamos incorporando as lições aprendidas com esse acidente dentro da própria estrutura da BP, reforçando a maneira como gerenciamos riscos e a segurança.
Também estamos compartilhando esses aprendizados com a indústria de petróleo e com governos e órgão reguladores de vários países, inclusive o Brasil. Nós reconhecemos que reconquistar a confiança requer ações e não apenas palavras, e para isso reorganizamos nossas equipes de perfuração, nossas unidade de negócios, e criamos uma Divisão de Risco e Segurança Operacional, que atuará de forma independente para estabelecer padrões de segurança e intervir, quando necessário, para parar as operações.
5X No mês passado, a BP concluiu a aquisição do controle majoritário da Companhia Nacional de Açúcar e Álcool (CNAA). O país vinha, recentemente, atravessando um cenário de alta no setor de combustíveis, amenizado por intervenções governamentais e pela chegada do período de safra. De que forma a BP analisa esse mercado?
A BP foi a primeira empresa de petróleo a investir na produção de etanol a partir de cana de açúcar no Brasil, através da Tropical Bioenergia, e aumentou recentemente sua participação no mercado brasileiro através da compra da CNAA. Com essa aquisição, a BP passou a ser operadora de duas usinas de etanol, além de uma terceira em construção. Quando concluída, a capacidade de produção total no Brasil alcançará cerca de 1,4 bilhão de litros de etanol por ano.
A BP também está investindo no desenvolvimento de moléculas avançadas, através da empresa Butamax Advanced Biofules, uma parceria entre a BP e a DuPont, que estabeleceu o primeiro laboratório da América Latina dedicado exclusivamente à pesquisa e desenvolvimento de biobutanol, localizado em Paulínia (SP). O etanol é atualmente uma das formas mais viáveis de energia alternativa para o setor de transporte.  O etanol produzido a partir da cana de açúcar é mais barato, menos poluente e mais eficiente que o etanol produzido a partir de milho, por exemplo. O Brasil tem uma grande vantagem em relação a seus competidores: seu clima e solo são ideais e as plantações de cana de açúcar não competem com outras culturas alimentares por espaço.

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